domingo, 21 de novembro de 2010

Um amigo de verdade

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.

Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas uma menina de 8 anos, considerada em pior estado. Foi necessário chamar a ajuda por um rádio, e ao fim de algum tempo um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido ao traumatismo e a perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como?

Após vários testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali

possuía o tipo de sangue necessário. Reuniram as crianças e entre

gesticulações, arranhadas no idioma tentaram explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar sangue.

Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho

levantar timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quieto e com o olhar no teto.

Passado um momento, ele deixou escapar um soluço e tapou

o rosto com a mão que estava livre. O médico perguntou-lhe se

estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de

novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a

lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso e ininterruptivel. Era evidente que

alguma coisa estava errada.

Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra ala. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com o Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando... Minutos depois ele estava

novamente tranqüilo.

A enfermeira então explicou aos americanos:

- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que

vocês disseram e estava achando que ia ter que dar TODO o seu sangue para a menina não morrer.

O médico se aproximou dele, e com a ajuda da enfermeira,

perguntou-lhe:

- Mas, se era assim, por que então você se ofereceu a doar seu sangue para ela?

E o menino respondeu simplesmente:

- Ela era minha AMIGA!...


“Não há pior inimigo que um falso amigo".



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