quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Não havia lugar para Maria na hospedaria?


Fonte: Ariel Álvarez Valdés - Editora Santuário
 O que sabemos sobre a Bíblia




Sabendo que o imperador de Roma tinha ordenado um censo, José, que temporariamente residia na Galiléia, decidiu voltar a Belém, uma vez que era natural de lá.
O mais lógico teria sido deixar sua jovem esposa Maria na Galiléia, já que não era preciso que ela comparecesse diante das autoridades do censo. Se a levou consigo, apesar da condição em que se encontrava, é porque pensava em radicar-se definitivamente em Belém. O que era normal, levando em conta que ele era desta cidade e aí tinha sua parentela, seus bens e posses.
Mateus confirma isto quando conta que, ao regressarem do exílio do Egito, procuraram instalar-se novamente em Belém. Mas por medo do então governador Arquelau, (filho de Herodes) eles tiveram de mudar de destino e ir viver em Nazaré.
Se José tinha domicílio em Belém, é justo pensar que traria Maria para estabelecer-se em sua própria casa.
Para isso puseram-se a caminho com tempo, com a prudência dos santos e para evitar as dificuldades de última hora. A viagem ter-lhes-ia custado uns 10 dias, pelo caminho longo e acidentado de então, e teriam chegado à sua Pátria vários meses antes do parto.
José de Belém foi um verdadeiro pai para Jesus e um autentico esposo para Maria e seu papel foi essencial para o plano de Deus.
Para nascer, Jesus tinha sua habitação preparada, sua casa, seu teto. Era dele. José, seu pai legal, a ajeitara para quando viesse ao mundo. Por razoes históricas, porém, no momento de seu nascimento, havia outros que precisavam dela.



Katálima no grego bíblico significa: cômodo, quarto, sala, isto é, uma parte especial da casa mais discreta, reservada. A maioria das Bíblias traduz por hospedaria, albergue, pousada.
Na Palestina as casas não tinham vários cômodos, como têm as de hoje.
Devido à precariedade das construções, as moradias tinham somente um cômodo central, onde havia tudo: armários, ferramentas, assentos, despensa, cozinha, e onde ao anoitecer estendiam-se as esteiras para o repouso noturno, cada qual em seu lugar preferido.
O cômodo central era, pois o mundo doméstico em torno do qual gerava toda a vida do lar e o movimento das pessoas. Mas além da sala principal as casas tinham ao lado algum compartimento menor reservado, com separações para maior privacidade, usado às vezes como depósito ou para eventuais hóspedes.
Este lugar servia de modo especial quando na casa havia alguma parturiente. Porque em Israel, quando uma mulher dava à luz um filho, permanecia impura durante 40 ou 80 dias, conforme fosse homem ou mulher, pela perda de sangue que sofrera. E as coisas que ela tocava, o leito onde repousava, e também qualquer lugar onde se sentava ficavam impuros. E se alguém a tocasse ou entrasse em contato com alguma coisa usada por ela, caía automaticamente na impureza Lv15,19-24.
Era, porém, época do censo. Muitos belemitas provenientes de todas as partes enchiam a cidade. Também José e Maria teriam alojado parentes e amigos.
Quando chegou a hora do parto, Maria percebe que não havia onde dar à luz de modo digno e discreto e sem tornar impuro todos os que estavam na casa. Isto é, não havia lugar no cômodo reservado da casa, na Katálima.
Por isso, José e Maria retiraram-se para a gruta-estábulo, que todas as casas de Belém tinham, para abrigar os animais.
E ali, numa gruta de sua própria casa, adaptada como refúgio e ajeitado do melhor modo possível por José, encontraram um ótimo ambiente para permanência prolongada de uma parturiente.

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