Dentro do estudo das Cartas de Pedro, trabalhamos aqui o tema: os
frutos da vida cristã.
Neste mês em que celebramos Finados
e Todos os Santos, achamos oportuno tratar de um assunto não
diretamente ligado a essas duas celebrações, mas que tem com elas uma certa
afinidade: o Dia do Senhor.
Geralmente há um certo temor,
quando lemos algo sobre o Dia do Senhor na Bíblia. Por que será? A Segunda
Carta de Pedro também o aborda por meio de imagens semelhantes às que
encontramos em outros textos. Podemos conferir como a Bíblia descreve a sua
chegada e o que há por detrás dessa linguagem. E no contexto cultural e
religioso de 2Pd, que sentido ela tem?
Na Bíblia, a chegada do Dia do Senhor é descrita com imagens que assustam: como
um ladrão que chega de improviso, como um grande estrondo que vai explodir o
céu e a terra, como um fogo que vai devorar tudo (2Pd 3,12-13). Essas imagens
já deram margem a muitas interpretações sobre o fim do mundo, o juízo final e o
Dia da manifestação do Senhor. Esta linguagem sempre aparece num contexto de
conflito e perseguição. Mas, na verdade, ninguém sabe como vai ser. Tais textos
tampouco pretendem dar uma descrição de do juízo final. Qual é, então, o
objetivo do autor bíblico com esses textos?
O que ele quer fazer é chamar a nossa atenção para o tempo presente. Como nós estamos vivendo a
nossa vida cristã? Estamos levando a vida na honestidade, na santidade, na
justiça, no respeito, na igualdade, na oração, na fraternidade? Se vivermos
assim, criamos já aqui neste mundo um novo céu e uma nova terra, e estaremos
preparando bem a chegada do Dia do Senhor. Esse dia não será um dia de medo, de
espanto, mas de alegria, de encontro pleno e definitivo com Deus...
O autor de 2Pd mostra uma
preocupação em prevenir os cristãos diante das ameaças que podem constituir
aqueles que saíram da comunidade, porque negam a segunda vinda de Jesus.
Afirmam que não há nada a esperar para o futuro, pois o mundo é o mesmo desde a
sua criação (2Pd 3,3-4). Há uma insistência com os cristãos para manterem
firmes a fé que receberam dos apóstolos, mesmo que a vinda do Senhor esteja
demorando. O fundamento, pois, da esperança na segunda vinda de Jesus está na
palavra profética e na glória do Senhor Jesus, cujo testemunho foi recebido de
Deus na transfiguração e transmitido pelos apóstolos.
Os cristãos daquele tempo e nós, hoje, somos convidados à perseverança ativa no
bem e a sermos coerentes com a espera da parusia
(2ª vinda de Jesus), que, segundo a tradição, chegará de improviso como um
ladrão, mas para aqueles que se prepararam é motivo de alegria e confiança
ativa.
Nós cristãos, por iniciativa gratuita de Deus, participamos da sua mesma
natureza (2Pd 1,4) e devemos progredir na consciência autêntica de uma fé que
chega à prática da caridade (2Pd 1,5.7), vivendo com piedade e integridade,
preparando-nos para o Dia do Senhor, com um estilo de vida fundado na fé e
comprovado pela caridade fraterna que tem sua expressão concreta na justiça, no
reconhecimento da dignidade e do direito do próximo. Só então haverá um novo
céu e uma nova terra, porque nela habitará a justiça e não porque esta vai ser
destruída pelo fogo.
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