Se
formos reler o início do estudo sobre as virtudes, veremos que já mencionamos
os Dons do Espírito Santo. Vimos que as virtudes infusas são forças, ajudas
sobrenaturais, que Deus sopra em nossas almas para nos ajudar a bem agir. Estas
forças espirituais aperfeiçoam as nossas forças naturais, dando à nossa ação um
valor novo, tirado da graça divina.
E
os Dons?
Os
Dons do Espírito Santo também são infusos na nossa alma por Deus e nela residem
habitualmente, para nos tornar dóceis à ação de Deus em nós, pela qual Ele nos
leva à perfeição.
Vemos
assim que os Dons do Espírito Santo não agem na nossa alma do mesmo modo que as
virtudes infusas.
As
virtudes aperfeiçoam nossas ações nos dando forças para agir melhor.
Os dons do Espírito Santo realizam uma união íntima de Caridade que nos leva
direto ao bem. É Deus nos empurrando para agir bem. Essa ação divina em nós é
infalível e irresistível. Só poderemos perde-la se a recusarmos, o que seria um
pecado mortal.
As
virtudes nos ajudam a andar, passo a passo, no caminho da perfeição.
Os Dons trazem imediatamente a perfeição para dentro de nós.
As
virtudes nos levam a melhor trabalhar na busca da perfeição.
Os Dons nos trazem o repouso de quem já alcançou a perfeição (naquela ação).
São
sete os dons do Espírito Santo.
Vamos
relembrar, agora, algumas virtudes e ver como os Dons do Espírito Santo vão
trazer ainda mais perfeição:
Quando
recebemos os dons
No
batismo, nos tornamos filhos de Deus. Recebemos a graça santificante com todo o
cortejo de virtudes sobrenaturais, inclusive com os dons do Espírito Santo. Mas
na Crisma,
recebemos de um modo especial o Divino Espírito Santo, para as lutas interiores
e exteriores, pelas quais guardaremos intacta nossa fé. É, então, na Crisma que
recebemos os dons do Espírito Santo de um modo muito especial. Devemos procurar
apresentar os filhos para receber a Crisma o mais cedo possível, pois os
ataques do mundo são cada dia mais cedo. Hoje, com oito anos, uma criança já
precisa das forças especiais dos Dons para não se contaminar com o espírito do
mundo. Atrasar demasiado a recepção da Crisma é abandonar os filhos
desprotegidos nas garras do inimigo.
A Fé iluminada pelos dons de
Inteligência e Ciência:
Sabemos
que pela virtude teologal da Fé alcançamos o conhecimento de Deus do modo como
Ele revelou-se a nós. Sabemos que Deus é a Santíssima Trindade, que Jesus
Cristo é o Verbo Eterno de Deus feito homem, que a Igreja Católica é a única
Igreja de Jesus Cristo, etc. Tudo isso é revelado por Deus e ensinado pela
Igreja. Quando estamos rezando, ou estudando, ou simplesmente pensando nessas
coisas, Deus ilumina nossas almas com a ação do Dom de Inteligência. Iluminados por este Dom do Espírito Santo, não
somente acreditamos nessas verdades de Fé, mas passamos a conhece-las de um
modo novo, interior, silencioso, muito elevado. Não podemos dizer como
aprendemos aquilo, pois foi Deus quem nos fez ver aqueles mistérios desse modo
novo. Os dons são verdadeiras luzes no nosso caminho.
Já
o dom de Ciência nos ensina qual o
relacionamento entre as coisas criadas e as coisas da Fé. Ele nos faz conhecer
tudo segundo a Vontade de Deus, mas através de suas razões naturais.
Por
não aceitar o dom de Ciência é que os homens passaram a estudar a natureza sem
considerar que Deus é seu Criador, e que por isso, tudo e todos devem
obediência à Deus.
Assim
vemos que para recuperar esta sociedade pervertida, devemos abrir nossos
corações ao governo de Deus em nós, às suas graças, aos seus Dons.
A Esperança ajudada pelo dom do Temor
de Deus.
Para
que nossa Esperança nunca diminua, Deus nos dá o dom do Temor de Deus, pelo
qual estamos sempre na presença de Deus, com muito respeito por sua Excelência
e por sua Bondade de infinita majestade, e que nada tememos mais do que perde-Lo ou desagradá-Lo,
ou perde-Lo por causa de coisas que nos afastariam dEle para todo sempre.
Este
temor de Deus que é dom do Espírito
Santo é um temor filial, como o
respeito que o filho tem por seu pai. A este temor filial se opõe o temor servil, próprio dos escravos e não dos
filhos, pelo qual tememos o superior devido aos castigos que sofreremos.
A Caridade elevada pelo dom de
Sabedoria
Se
os Dons do Espírito Santo são mais elevados do que as virtudes, é normal que
mesmo a maior de todas as virtudes, a Caridade, possa crescer e se aperfeiçoar,
sob a ação de um dom. Este dom será então o maior de todos eles. É o dom da
Sabedoria.
A Sabedoria consiste em julgar de todas as
coisas segundo as suas causas divinas. Em outras palavras, considerar todas as
coisas como elas são vistas e queridas por Deus, de quem tudo depende. Nisso a
Sabedoria é diferente do dom de Ciência que, como vimos acima, procura as
razões de Deus para as coisas por seus
elementos mais próximos, na natureza da própria coisa.
A Virtude da Prudência aperfeiçoada
pelo dom de Conselho
Como
a alma humana está sempre inclinada ao erro, mesmo quando possui as virtudes
que a ajudam a agir bem, o Espírito Santo enche nossa alma com o dom de
Conselho, pelo qual somos levados infalivelmente ao reto juízo sobre os atos
que devemos realizar. A alma que vive atenta aos dons do Espírito Santo,
diminui muito as possibilidades de pecar.
A Justiça, a Piedade, a Religião,
santificadas pelo dom de Piedade
Pelo
dom de Piedade aprendemos a tratar Deus como filhos obedientes tratam seu pai,
dando a Ele todo nosso ser, manifestando nosso amor pela oração e tratando
todos os homens como filhos de Deus e merecedores do amor divino. Se todos os
homens vivessem movidos pelo dom de Piedade, a humanidade seria uma verdadeira
família divina, antecipando a vida de Caridade que haverá no Céu.
A Virtude Cardeal da Força
transformada pelo dom de Força
Enquanto
a virtude de Força nos torna capazes de vencer os obstáculos humanos, já o dom
de força nos leva a suportar as dores, provações e separações que se relacionam
com a vida eterna, principalmente a morte. Com o dom da Força, o homem possui
toda a confiança na obtenção dos bens eternos que tomarão o lugar dos bens
terrenos que perdemos. O dom da Força nos torna vitoriosos sobre a própria
morte. É o dom próprio do mártir, que enfrenta as feras, a espada, o fogo, com
a alma em paz e mesmo com alegria, sabendo que a recompensa é a vida eterna.
A virtude da Temperança e o dom do
Temor de Deus
Porque
razão o dom do Temor de Deus aperfeiçoa tanto a Virtude Teologal da Esperança,
como vimos acima, e a Virtude Cardeal da Temperança?
O
dom do Temor de Deus não aperfeiçoa estas duas virtudes do mesmo modo. Ele
aperfeiçoa a virtude da Esperança porque, pelo Temor de Deus, adquirimos a
reverência diante da grandeza de Deus e temos a certeza de sua ajuda.
Mas
o Temor de Deus nos leva também a evitar todo abuso com as coisas da nossa
sensibilidade, o que corresponde a um aperfeiçoamento da virtude da Temperança.
Por saber que vivemos na Presença de Deus, evitamos a gula, a embriagues, a
sensualidade no vestir, nas atitudes, etc.
A
virtude da Temperança já nos ajudava a vencer esses excessos, mas o dom do Espírito
Santo não consiste num esforço nosso, humano, mesmo se aperfeiçoado por Deus. O
dom do Espírito Santo é o próprio Deus agindo em nós. Por isso vencemos
imediatamente as nossas tendências más e as tentações.
Concluindo,
devemos deixar nossas almas abertas à ação do Divino Espírito Santo. A palavra Espírito
quer dizer vento, sopro. Assim devemos abrir nossas almas como velas de um
barco, e deixar o Vento divino enche-las e carregar nosso barquinho até o porto
da Salvação. Podemos aprender mais alguma coisa sobre os dons lendo o livrinho
: As Sete Velas do Meu Barco. Veja no
tópico Orações algumas
orações ao Divino Espírito Santo.
Os frutos do Espírito Santo:
Eles são enumerados por São Paulo no cap V da Epístola aos
Gálatas:
1- Caridade - ordena a alma no seu ato de amor
2- Alegria - conseqüência normal do amor verdadeiro
3- Paz - fruto da perfeita alegria, tanto interior quanto exterior
4- Paciência - o equilíbrio da alma que não se perturba com o mal.
5- Bondade - boa vontade para com o próximo
6- Benevolência - agir procurando sempre o bem do próximo
7- Longanimidade - perseverança na vida
da virtude
8- Mansidão - suporta o mal sem se alterar.
9- Fidelidade - não usa de fraude ou enganos.
10- Modéstia - bons modos nas coisas exteriores
11- Continência - a alma aprende a renunciar aos prazeres do corpo lícitos.
12- Castidade - a alma conserva seu
corpo e seu coração puros, fugindo dos prazeres ilícitos.
Esses frutos do
Espírito Santo fazem a alma fugir dos frutos
da carne, que São Paulo também enumera, que são diversos pecados ou vícios
que levam a alma para o mal. Ao contrário, os frutos do Espírito Santo orientam
a alma já avançada no amor de Deus em direção à vida eterna, Deus visto como
fim último a ser alcançado, Luz Eterna que encherá nossas almas para sempre da
Felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário