domingo, 27 de maio de 2012

Os Dons do Espírito Santo



Se formos reler o início do estudo sobre as virtudes, veremos que já mencionamos os Dons do Espírito Santo. Vimos que as virtudes infusas são forças, ajudas sobrenaturais, que Deus sopra em nossas almas para nos ajudar a bem agir. Estas forças espirituais aperfeiçoam as nossas forças naturais, dando à nossa ação um valor novo, tirado da graça divina.
E os Dons?
Os Dons do Espírito Santo também são infusos na nossa alma por Deus e nela residem habitualmente, para nos tornar dóceis à ação de Deus em nós, pela qual Ele nos leva à perfeição.
Vemos assim que os Dons do Espírito Santo não agem na nossa alma do mesmo modo que as virtudes infusas.
As virtudes aperfeiçoam nossas ações nos dando forças para agir melhor. 

Os dons do Espírito Santo realizam uma união íntima de Caridade que nos leva direto ao bem. É Deus nos empurrando para agir bem. Essa ação divina em nós é infalível e irresistível. Só poderemos perde-la se a recusarmos, o que seria um pecado mortal.

As virtudes nos ajudam a andar, passo a passo, no caminho da perfeição. 

Os Dons trazem imediatamente a perfeição para dentro de nós.

As virtudes nos levam a melhor trabalhar na busca da perfeição. 

Os Dons nos trazem o repouso de quem já alcançou a perfeição (naquela ação).

São sete os dons do Espírito Santo.
Vamos relembrar, agora, algumas virtudes e ver como os Dons do Espírito Santo vão trazer ainda mais perfeição:



Quando recebemos os dons
No batismo, nos tornamos filhos de Deus. Recebemos a graça santificante com todo o cortejo de virtudes sobrenaturais, inclusive com os dons do Espírito Santo. Mas na Crisma, recebemos de um modo especial o Divino Espírito Santo, para as lutas interiores e exteriores, pelas quais guardaremos intacta nossa fé. É, então, na Crisma que recebemos os dons do Espírito Santo de um modo muito especial. Devemos procurar apresentar os filhos para receber a Crisma o mais cedo possível, pois os ataques do mundo são cada dia mais cedo. Hoje, com oito anos, uma criança já precisa das forças especiais dos Dons para não se contaminar com o espírito do mundo. Atrasar demasiado a recepção da Crisma é abandonar os filhos desprotegidos nas garras do inimigo.

A Fé iluminada pelos dons de Inteligência e Ciência:
Sabemos que pela virtude teologal da Fé alcançamos o conhecimento de Deus do modo como Ele revelou-se a nós. Sabemos que Deus é a Santíssima Trindade, que Jesus Cristo é o Verbo Eterno de Deus feito homem, que a Igreja Católica é a única Igreja de Jesus Cristo, etc. Tudo isso é revelado por Deus e ensinado pela Igreja. Quando estamos rezando, ou estudando, ou simplesmente pensando nessas coisas, Deus ilumina nossas almas com a ação do Dom de Inteligência. Iluminados por este Dom do Espírito Santo, não somente acreditamos nessas verdades de Fé, mas passamos a conhece-las de um modo novo, interior, silencioso, muito elevado. Não podemos dizer como aprendemos aquilo, pois foi Deus quem nos fez ver aqueles mistérios desse modo novo. Os dons são verdadeiras luzes no nosso caminho.
Já o dom de Ciência nos ensina qual o relacionamento entre as coisas criadas e as coisas da Fé. Ele nos faz conhecer tudo segundo a Vontade de Deus, mas através de suas razões naturais.
Por não aceitar o dom de Ciência é que os homens passaram a estudar a natureza sem considerar que Deus é seu Criador, e que por isso, tudo e todos devem obediência à Deus.
Assim vemos que para recuperar esta sociedade pervertida, devemos abrir nossos corações ao governo de Deus em nós, às suas graças, aos seus Dons.

A Esperança ajudada pelo dom do Temor de Deus.
Para que nossa Esperança nunca diminua, Deus nos dá o dom do Temor de Deus, pelo qual estamos sempre na presença de Deus, com muito respeito por sua Excelência e por sua Bondade de infinita majestade, e que nada  tememos mais do que perde-Lo ou desagradá-Lo, ou perde-Lo por causa de coisas que nos afastariam dEle para todo sempre.
Este temor de Deus que é  dom do Espírito Santo é um temor filial, como o respeito que o filho tem por seu pai. A este temor filial se opõe o temor servil, próprio dos escravos e não dos filhos, pelo qual tememos o superior devido aos castigos que sofreremos.

A Caridade elevada pelo dom de Sabedoria
Se os Dons do Espírito Santo são mais elevados do que as virtudes, é normal que mesmo a maior de todas as virtudes, a Caridade, possa crescer e se aperfeiçoar, sob a ação de um dom. Este dom será então o maior de todos eles. É o dom da Sabedoria.
A Sabedoria consiste em julgar de todas as coisas segundo as suas causas divinas. Em outras palavras, considerar todas as coisas como elas são vistas e queridas por Deus, de quem tudo depende. Nisso a Sabedoria é diferente do dom de Ciência que, como vimos acima, procura as razões de Deus para  as coisas por seus elementos mais próximos, na natureza da própria coisa.

A Virtude da Prudência aperfeiçoada pelo dom de Conselho
Como a alma humana está sempre inclinada ao erro, mesmo quando possui as virtudes que a ajudam a agir bem, o Espírito Santo enche nossa alma com o dom de Conselho, pelo qual somos levados infalivelmente ao reto juízo sobre os atos que devemos realizar. A alma que vive atenta aos dons do Espírito Santo, diminui muito as possibilidades de pecar.

A Justiça, a Piedade, a Religião, santificadas pelo dom de Piedade
Pelo dom de Piedade aprendemos a tratar Deus como filhos obedientes tratam seu pai, dando a Ele todo nosso ser, manifestando nosso amor pela oração e tratando todos os homens como filhos de Deus e merecedores do amor divino. Se todos os homens vivessem movidos pelo dom de Piedade, a humanidade seria uma verdadeira família divina, antecipando a vida de Caridade que haverá no Céu.
A Virtude Cardeal da Força transformada pelo dom de Força
Enquanto a virtude de Força nos torna capazes de vencer os obstáculos humanos, já o dom de força nos leva a suportar as dores, provações e separações que se relacionam com a vida eterna, principalmente a morte. Com o dom da Força, o homem possui toda a confiança na obtenção dos bens eternos que tomarão o lugar dos bens terrenos que perdemos. O dom da Força nos torna vitoriosos sobre a própria morte. É o dom próprio do mártir, que enfrenta as feras, a espada, o fogo, com a alma em paz e mesmo com alegria, sabendo que a recompensa é a vida eterna.

A virtude da Temperança e o dom do Temor de Deus
Porque razão o dom do Temor de Deus aperfeiçoa tanto a Virtude Teologal da Esperança, como vimos acima, e a Virtude Cardeal da Temperança?
O dom do Temor de Deus não aperfeiçoa estas duas virtudes do mesmo modo. Ele aperfeiçoa a virtude da Esperança porque, pelo Temor de Deus, adquirimos a reverência diante da grandeza de Deus e temos a certeza de sua ajuda.
Mas o Temor de Deus nos leva também a evitar todo abuso com as coisas da nossa sensibilidade, o que corresponde a um aperfeiçoamento da virtude da Temperança. Por saber que vivemos na Presença de Deus, evitamos a gula, a embriagues, a sensualidade no vestir, nas atitudes, etc.
A virtude da Temperança já nos ajudava a vencer esses excessos, mas o dom do Espírito Santo não consiste num esforço nosso, humano, mesmo se aperfeiçoado por Deus. O dom do Espírito Santo é o próprio Deus agindo em nós. Por isso vencemos imediatamente as nossas tendências más e as tentações.
Concluindo, devemos deixar nossas almas abertas à ação do Divino Espírito Santo. A palavra Espírito quer dizer vento, sopro. Assim devemos abrir nossas almas como velas de um barco, e deixar o Vento divino enche-las e carregar nosso barquinho até o porto da Salvação. Podemos aprender mais alguma coisa sobre os dons lendo o livrinho : As Sete Velas do Meu Barco. Veja no tópico Orações algumas orações ao Divino Espírito Santo.


Os frutos do Espírito Santo:

Eles são enumerados por São Paulo no cap V da Epístola aos Gálatas: 
1- Caridade - ordena a alma no seu ato de amor 
2- Alegria - conseqüência normal do amor verdadeiro 
3- Paz - fruto da perfeita alegria, tanto interior quanto exterior 
4- Paciência - o equilíbrio da alma que não se perturba com o mal. 
5- Bondade - boa vontade para com o próximo 
6- Benevolência - agir procurando sempre o bem do próximo 
7- Longanimidade -  perseverança na vida da virtude 
8- Mansidão - suporta o mal sem se alterar. 
9- Fidelidade - não usa de fraude ou enganos. 
10- Modéstia - bons modos nas coisas exteriores 
11- Continência - a alma aprende a renunciar aos prazeres do corpo lícitos. 
12- Castidade -  a alma conserva seu corpo e seu coração puros, fugindo dos prazeres ilícitos.




Esses frutos do Espírito Santo fazem a alma fugir dos frutos da carne, que São Paulo também enumera, que são diversos pecados ou vícios que levam a alma para o mal. Ao contrário, os frutos do Espírito Santo orientam a alma já avançada no amor de Deus em direção à vida eterna, Deus visto como fim último a ser alcançado, Luz Eterna que encherá nossas almas para sempre da Felicidade.

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