É na Santa Missa que
participamos da Sagrada Eucaristia, corpo, sangue, alma e divindade de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Por isso, é importante participar bem dela, com ardor,
vontade e devoção. E para isso é preciso conhecer bem o que é a Santa Missa.
A Missa não é
simplesmente uma oração devocional, ou uma celebração a mais da Igreja; é o ato
supremo da nossa fé.
A Missa, ou
celebração da Eucaristia, é a presentificação do imenso Sacrifício do Calvário,
onde este se torna presente no altar; não é mera representação ou apenas
lembrança do Sacrifício do Senhor; é muito mais, é sua atualização, isto é, o
mesmo e único sacrifício de Jesus na cruz se torna presente, vivo e verdadeiro.
Não é uma multiplicação do sacrifício do Calvário e nem mesmo uma repetição. É
o mesmo e único Calvário.
Mas como isso é possível se aconteceu há dois mil anos atrás?
Para nós isso seria
impossível, mas não para Deus. A teologia nos ensina que as ações de Cristo não
se perdem no tempo e no espaço, como nossas ações meramente humanas. As ações
do nosso Redentor além de humanas são também divinas, são teândricas; por isso
não se acabam no tempo.
Quando o sacerdote,
pelo poder de Cristo que lhe foi dado pelo sacramento da Ordem, realiza a
Consagração do pão e do vinho, estes se transformam, respectivamente, no corpo
e sangue de Jesus Cristo; e, neste momento a Vítima do Calvário se faz presente
em seu único e irrepetível sacrifício para atualizar a nossa redenção. É o que
a Igreja chama de transubstanciação.
Após a Consagração,
Cristo está presente no altar totalmente, tanto no Vinho consagrado, como no
Pão divino. O que vemos é pão e vinho, o que cheiramos é pão e vinho, as cores
são de pão e vinho, as essências (o mesmo que substância ou natureza) não são
mais do pão e do vinho, mas Corpo e Sangue de Cristo.
A partir da
Consagração a Hóstia é Jesus mesmo; e só deixará de ser Jesus se ficar
estragada ou se for dissolvida em água ou em nosso corpo. Por isso, todo
respeito e adoração são necessários diante de Jesus eucarístico, seja no altar
da Missa ou no Sacrário; e, de modo especial quando está exposto no ostensório
para adoração.
Quando passamos
diante do sacrário ou do ostensório devemos fazer a genuflexão com o joelho
direito até tocá-lo no chão se a saúde permitir; e fazer um breve ato de
adoração ao Rei dos Reis.
A Santa Missa é
também o banquete do Cordeiro Pascal que foi imolado, e que agora se dá em
alimento para fortalecer a nossa fraqueza. Ao participarmos do banquete
eucarístico, não só somos alimentados pela Presença real de Cristo, mas também
nos unimos a seu Sacrifício e oferta de sua Vida ao Pai.
Comungar o Corpo de
Cristo tem também o sentido profundo de se identificar com a grande Vítima que
se oferece ao Pai pelo perdão de nossos pecados. É o que os antigos chamavam de
manducação; ato sagrado de comer, mastigar, não um alimento qualquer, mas a
vítima oferecida em sacrifício para se conformar com ela. São Paulo pedia aos
romanos:
“Eu vos exorto, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício
vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual”. (Rm 12,1)
Participar bem da
Eucaristia e comungar adequadamente o Corpo de Cristo tem esse profundo
significado: oferecer a vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, como
o melhor culto espiritual. Quem comunga o Corpo de Cristo deve viver em Cristo,
por Cristo, com Cristo e para Cristo.
Santo Inácio de Antioquia(†102), bispo e mártir, disse sobre a
Eucaristia:
“Esforçai-vos,
portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a eucaristia de
Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas
as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há
melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e
terrestres.” (Carta aos Efésios)
São Cipriano de Cartago (†258) dizia, em tempo de perseguição dos
cristãos:
“Os fiéis bebem
diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar o seu
sangue por Cristo” (Epístola 56, n. 1).
Na encíclica “Caritas
in Veritate” o Papa Bento XVI nos recorda que no início do século IV, quando o
culto cristão era ainda proibido pelas autoridades romanas, alguns cristãos do
norte de África, em Abitinas, desafiaram a proibição de celebrar o dia do
Senhor. Foram martirizados enquanto declaravam que não lhes era possível viver
sem a Eucaristia, alimento do Senhor: “Sine dominico non possumus” – “sem o
domingo, não podemos viver.” Estes mártires de Abitinas nos ensinam que também
nós não podemos viver sem participar no sacramento da nossa salvação.
Prof. Felipe Aquino