“Lembra-te que do pó viestes e ao pó, hás de retornar”
Já
no Antigo Testamento os homens cobriam se de cinzas para exprimir sua dor e
humilhação, como se pode ler no livro de Jó. Nos primeiros séculos da Igreja os
penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário: pediam
perdão revestidos de um saco, e como sinal de sua contrição cobriam a cabeça de
cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz santo Agostinho, essa
cerimônia estendeu-se a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da
penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis,
almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de
arrependimento.
Tenhamos
os mesmos sentimentos: deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do
ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote
nos disser "lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar", ou
"convertei-vos e crede no Evangelho", enquanto impõe as cinzas,
humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte que, reduzindo-nos ao pó,
nos porá sob os pés de todos. Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso
corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a refrear
o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os
sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e a abstinência que a Igreja nos
prescreve. Pe.
Luís Bronchain CSSR
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