“Deus não desejou o sofrimento, este não é Sua obra, mas, do homem”.
O sofrimento e a morte, sua companheira do fundo do tempo, lhe acenam. O que é que você vai fazer?
Revoltar-se? Aguentar passivamente? Negar pelo esquecimento? Queixar-se a todos e vingar-se?
Qualquer que seja a sua atitude, você não pode repudiar o sofrimento, nem subtrair-se ao trágico amplexo da morte.
Diante do sofrimento do outro, jamais você poderá deixar escapar um “bem feito!”.
Deus, porque ama infinitamente seus filhos, nunca pode rejubilar-se com o sofrimento. Ele “sofre” por ver você sofrer.
Depois do pecado desordem na ordem da criação revolta do homem contra Deus, recusa amar o amor, o Pai não deixou o homem entregue a si mesmo. Não o abandonou ao desespero, mas “de tal modo amou o mundo que lhe enviou seu Filho”…
Ao vir a Terra, Cristo encontrou três criaturas que não foram criadas por seu Pai: o pecado, o sofrimento e a morte.
Para restituir a paz e o amor ao homem, a harmonia ao mundo, era preciso que ele vencesse ao pecado, o sofrimento e a morte.
Do seu amigo você diz: eu o trago no coração. Por ele, tenho vergonha do meu pecado. Seu sofrimento me faz mal.
Com efeito, tão grande é o poder do amor que de tal forma une o amante à amada, o amigo ao amigo, que ele desposa tudo no outro.
Porque Cristo amou os homens com um amor infinito, uni-os todos a si: carregando todos os seus pecados, sofrendo todos os seus sofrimentos, morrendo sua morte.
Vítima do seu amor, sobre a Cruz, no pleno sentido de termo, Jesus disse a seu Pai: “Em vossas mãos entrego meu espírito”, sua alma, pesada com este triste fardo: os pecados dos homens: ei-los Pai, eu assumo a responsabilidade deles, e por eles peço perdão, “apaga-os”. Os sofrimentos dos homens com os meus, sua morte e minha morte, e os ofereço como penitência.
E o Pai lhe restituiu a VIDA. Este é o mistério da Redenção.
A mãe aceita sofrer as dores do parto, pois de seu sofrimento nascerá uma vida. Mas o que é odioso para o homem, o que ele não consegue suportar é sofrer a troco de nada.
Se você quiser que o seu sofrimento e o sofrimento do mundo sejam recuperados e sirvam para alguma coisa, precisa procurar, encontrar e unir-se a Cristo sobre a Cruz.
Por Cristo Redentor, o sofrimento inútil, absurdo e odioso, transforma-se em matéria-prima da Redenção.
Não é o sofrimento em si que resgata, mas o amor que em Cristo ilumina o dom desse sofrimento.
Você não pode amar o sofrimento; ele continua sendo um mal, mesmo após a morte de Jesus Cristo. Mas você pode amar a ocasião que ele lhe dá de oferecer, de amar e de salvar.
Fonte: Quoist, M. Construir o homem e o mundo. Livraria Duas Cidades,1971:São Paulo/SP. pp. 201-204.
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