A
Liturgia é o culto sagrado que os antigos levitas ofereciam a Deus e que hoje é
prestado pelo próprio Cristo, que se fez Sacerdote e Vítima de nova e
definitiva Aliança, estendido até nossos dias pela celebração da Eucaristia,
que unindo o nosso sacrifício ao de Cristo nos faz também “hóstias vivas”.
A
Liturgia católica, instituída por Jesus, visa celebrar (=tornar célebre), dar
importância, honrar, exaltar, em comunidade, a Santíssima Trindade de modo
especial e celebrar os “santos mistérios”.
O
Concílio Vaticano II, através da Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium
(SC) expôs de modo admirável o que é a Liturgia e como ela deve se realizar.
“Na
liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda anuncia o Evangelho. E o povo
responde a Deus, ora com cânticos, ora com orações.” (SC,13).
Pela
Liturgia a Igreja celebra o mistério de seu Senhor “até que Ele venha” e até
que “Deus seja tudo em todos”(1Cor 11,26;15,28).
A
Liturgia é uma ação sagrada, com ritos, na Igreja e pela Igreja, pela qual se
realiza e se prolonga a obra sacerdotal de Cristo, para a santificação dos
homens e a glorificação de Deus. (cf. SC,7)
Assim,
para celebrar bem a Liturgia é preciso ter uma profunda noção do que é o
Cristianismo; o conhecimento da história da salvação, da obra de Cristo e da
missão da Igreja.
Sem isto
a Liturgia não pode ser bem compreendida e amada, e pode se transformar em
ritos vazios.
Podemos
dizer que o último tempo da história da salvação – o tempo de Cristo e da
Igreja – é o tempo da Liturgia, uma vez que ela torna presente a obra redentora
de Cristo pela celebração dos Sacramentos. Assim, somos também nós
participantes da história da salvação.
A
Liturgia é a própria história da salvação em exercício, já que nela se celebra
(torna presente) tudo o que Deus realizou ao longo dos séculos para salvar os
homens.
Jesus nos
revelou plenamente o Pai, e ensinou-nos a comunicar com Ele. Ele é a ponte
entre nós e o Pai. Ele é o Caminho, o Sacerdote único que apresenta a Deus as
nossas preces (cf. Hb 5,7). É por isso que nas celebrações litúrgicas fazemos
todas as ofertas a Deus “por Cristo, com Cristo e em Cristo”; tudo em seu Nome.
A
Liturgia participa do grande desejo de Jesus:
“Desejei
ardentemente comer esta páscoa convosco (…) até que ela se cumpra no Reino de
Deus.” (Lc 22,15-16).
Na
liturgia, a Igreja celebra principalmente o mistério Pascal pelo qual Cristo
realizou a obra da nossa salvação (cf.Cat. §1067). É o mistério central da vida
de Cristo, sua Paixão, Morte e Ressurreição para nos salvar. A Páscoa dos
judeus, onde celebravam a saída gloriosa do Egito, foi apenas uma prefiguração
da Páscoa de Cristo; a verdadeira passagem da morte para a vida.
Quando a
Liturgia faz memória desses mistérios, ela os torna presentes, traz para o
momento atual esses acontecimentos da salvação e renova a nossa redenção; ainda
nos indica o futuro: a construção do Reino de Deus.
No divino
sacrifício da Eucaristia, “se exerce a obra de nossa redenção”, contribui do
modo mais excelente para que os fiéis, em sua vida, exprimam e manifestem aos
outros o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja” (SC 2).
Pela
Liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com
ela e por ela, a obra de nossa redenção. (Cat. §1069)
Por meio
dela Jesus Cristo exerce o seu múnus sacerdotal, onde é realizada a
santificação do homem, e o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo,
cabeça e membros.
Por isso,
afirmou o Vaticano II que “toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo
sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja
eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da
Igreja” (SC,7). (Cat. §1070).
Note,
então, que nenhuma outra ação da Igreja supera a Liturgia. Por isso ela tem uma
importância fundamental. Todas as devoções do povo de Deus são importantes,
especialmente as recomendadas pela Igreja, mas a Liturgia as supera.
É toda a
Igreja, o Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra; por isso, as ações
litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o
sacramento da unidade, isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção do
Bispo. É por isso que a Igreja ensina que uma celebração comunitária, com
assistência e participação ativa dos fiéis, deve ser preferida à celebração
individual ou quase privada. (cf. SC, 27 e Cat. §1140)
Prof.
Felipe Aquino
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