domingo, 24 de julho de 2011

Crônica de um amor anunciado


Toda pessoa apaixonada é um publicitário em potencial. Não anuncia cigarros, hidratantes ou máquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivê-lo em segredo diminuísse sua intensidade.

O hábito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, e lá, na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é introdução à publicidade. Em breve se estará desenhando corações em árvores, escrevendo atrás da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama João.

A partir de uma certa idade, a veia publicitária vai tornando-se mais discreta. Já não anunciamos nossa paixão em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mídia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um público selecionado, as últimas notícias da nossa vida afetiva. Mas alguns não resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anúncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, não me deixe por essa loira de farmácia. Joana, foi bom pra você também?

O grau máximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, há casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.

O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.

Martha Medeiros

sábado, 23 de julho de 2011


"Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se. 
Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer do outro uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança. "

Pe Fábio de Melo



"É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não há descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças."
(Giacomo Leopardi)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

As duas vizinhas


Havia duas vizinhas que vivam em pé de guerra. Não podiam se encontrar na rua que era briga na certa.
Um dia, dona Maria descobriu o verdadeiro valor da amizade e resolveu que iria fazer as pazes com dona Clotilde.
Ao se encontrarem na rua, muito humildemente, disse dona Maria:
- Minha querida Clotilde, já estamos nessa desavença há anos e sem nenhum motivo aparente. Estou propondo para você que façamos as pazes e vivamos como duas boas e velhas amigas.
Dona Clotilde, na hora estranhou a atitude da velha rival, e disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi matutando:
- Essa dona Maria não me engana, está querendo me aprontar alguma coisa e eu não vou deixar barato. Vou mandar-lhe um presente para ver sua reação.
Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu-a de esterco de vaca.
- "Eu adoraria ver a cara da dona Maria ao receber esse 'maravilhoso' presente. Vamos ver se ela vai gostar dessa".
Mandou a empregada levar o presente a casa da rival, com um bilhete:
- "Aceito sua proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, envio-te esse lindo presente".
Dona Maria estranhou o presente, mas não se exaltou.
- Que ela esta propondo com isso? Não estamos fazendo as pazes? Bem, deixa pra lá.
Alguns dias depois dona Clotilde atende a porta e recebe uma linda cesta de presentes coberta com um belo papel.
- É a vingança daquela asquerosa da Maria. Que será que ela me aprontou?
Qual não foi sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo das mais belas flores que podiam existir num jardim, e um cartão com a seguinte mensagem:
- "Estas flores é o que te ofereço em prova da minha amizade. Foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou excelente adubo para meu jardim.

" AFINAL, CADA UM DÁ O QUE TEM EM ABUNDÂNCIA EM SUA VIDA "

quarta-feira, 20 de julho de 2011



"Não entendo a tristeza como ausência de felicidade. Acho que elas coexistem. Somos felizes e tristes. Felizes porque tentamos entender a nossa missão. Tristes porque assim tem de ser. A tristeza nos empresta respeito ao outro e percepção mais aguçada da dor. Talvez tristeza seja ausência de alegria, de riso fácil, não de felicidade."


Pe Fábio de Melo

domingo, 17 de julho de 2011

Curió

Ao meu querido curió, que me foi roubado nesta triste manhã de domingo...



Pequeno Curió,
sentado ao galho da árvore,
cantando canções que me levam longe
e me transportam para qualquer lugar,
desde que seja tranquilo, 
desde que seja lar.

Canta pequeno Curió,
canções que me façam chorar,
mesmo que de alegria,
mesmo que de saudade,
mesmo que eu não saiba.

Pequeno Curió,
fique comigo mais um instante,
alivia a dor de minhas lembranças,
a intensidade de minhas saudades,
até que eu possa novamente descansar.

Fique pequeno Curió,
mas se fores, volte,
me conte sobre os lugares que foi,
cante novas canções que aprendeu,
letras de amores que viveu.

Volta pequeno Curió,
não demores a voltar,
sinto uma dor intensa,
uma saudade triste
por não te ouvir cantar.

Fico na gaiola,
esperando Curió voltar,
quem sabe um dia eu cante,
canções de esperança e liberdade,
e quando estiver livre,
cante muito mais alto
para nunca mais parar.

Thiago Azevedo





"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." (Clarice Lispector)

sábado, 16 de julho de 2011


"Fico muito assustado com as múltiplas faces da agressividade humana.
Uma delas é a inveja.
A inveja é muito pior que a cobiça.
O invejoso não suporta o sucesso alheio e, por isso, vive para negá-lo.
É muito mais fácill suportar o sofrimento alheio do que a alegria.
Nossa alegria só é suportável para as pessoas que verdadeiramente nos amam.

(...)

Costumamos dizer que reconhecemos os grandes amigos no momento de nosso sofrimento, mas não é verdade.
Os verdadeiros amigos são aqueles que suportam a duração de nossas alegrias.
O sofrimento é uma realidade que nos congrega com mais profundidade.
O sofrimento do outro nos acorda para a verdade de nossa condição.
Somos fragéis!
E ao encontrar o outro mergulhado em sua dor, é natural que brote em nós a compaixão.
A dor que dói no outro é uma janela de onde eu me enxergo.
Não posso vê-lo sofrer sem nele identificar minha inegável condição de fragilidade..."


"Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que eu não tenho tido tempo de chorar."  

 (Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 15 de julho de 2011


"E estando unido a ti, esquecer-me de mim. Concedei que eu fique eternamente assim."

(Majestosa Eucaristia- Anjos de Resgate)

quarta-feira, 13 de julho de 2011



Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.
(C.S.Lewis)

quarta-feira, 6 de julho de 2011



A tempestade vai passar,pois sobre as ondas confiante andarei...

Tribulações, vencerei. As aflições superarei!
Deus provê,eu sei que proverá!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

SOLIDÃO


Estar só é diferente de sentir-se só.
Você pode estar sozinho mas não sentir-se só. Agora você pode estar na companhia de muitas pessoas e mesmo assim sentir-se só.
O estar sozinho é passageiro, são aqueles momentos em que você está sem a companhia de alguém e vai depender de você se nesse momento você vai sentir-se só. Se você souber aproveitar essas horas de solidão para crescimento interior, você não se sentirá só e vai até mesmo sentir prazer nessa solidão. Agora se você evita esse contato consigo mesmo, buscando sempre do lado de fora preencher esses momentos de solidão, você corre o risco de sentir-se só e poderá até mesmo tornar crônica a sua solidão.
Aproveite seus momentos de solidão para entrar em contato consigo mesmo e com Deus. Nessa hora em que você está só, sem a companhia de outras pessoas experimente fechar todos os seus sentidos para o mundo exterior e abri-los para o seu mundo interior. Nesse momento você vai perceber quanta riqueza existe dentro de você e que apesar da solidão do momento, você nunca se sentirá só.

LEIA ESTA ESTÓRIA 
Recolha-se num rochedo para se renovar
Uma velha águia estava nas montanhas e com tristeza admirava o vôo leve e harmonioso das outras águias. Notando a tristeza da sua colega, uma delas pousou ao lado dela e perguntou-lhe qual era o motivo de tanta tristeza. 
Ela respondeu: - Estou aqui observando e pensando a facilidade que as águias tem de voar e como seus vôos são harmoniosos e bonitos. Eu também já fui assim: ágil e esperta como vocês. Porém hoje, já aos quarenta anos me sinto velha e cansada. Meu bico está torto e já não serve mais como presa para pegar o meu alimento. Minhas unha estão fracas e quebradiças e minhas penas grossas e pesadas, fazendo com que eu voe com dificuldade e canse rapidamente. 
A outra águia falou: - Você pode não acreditar, mas eu já passei dos quarenta. 
- Como assim?! Perguntou com espanto a velha águia.
 - Bem, eu vou lhe explicar: - Nós, águias temos a chance de viver até os 70 anos de idade. Mas para chegar a essa idade precisamos aos quarenta anos passar por um doloroso processo de renovação. Pois as águias nessa idade ficam assim como você está agora com as unhas compridas e flexíveis e já não consegue mais agarrar suas presas, tendo assim dificuldade para se alimentar. Seu bico alongado e pontiagudo torna-se curvado e suas asas envelhecidas e pesadas dificultam o seu vôo. Nesse momento de nossa existência só temos duas alternativas. Morrer ou enfrentar o processo de renovação.  
- Por favor continue – falou a velha águia – quero saber como posso fazer essa renovação.
 E a águia prosseguiu: - Vá para um rochedo onde você possa estar só. Lá você deve bater com seu bico curvado até arrancá-lo e assim dar lugar para que nasça novamente um bico fino e pontiagudo. Tendo um bico novo passe para a próxima etapa que é usar esse bico para arrancar suas velhas unhas para que nasça unhas novas e firmes e então com as unhas firmes retire as suas penas grossas e pesadas permitindo surgirem penas novas. E assim toda renovada você estará pronta para viver mais trinta anos. Assim como eu.  
A velha águia depois de ouvir tudo com muita atenção, agradeceu a colega e alçoou seu vôo solitário para também passar pelo processo de renovação.
É no momento de solidão que temos a chance de nos renovar.

Não troco a minha fé. 

Não troco a minha fé por outra fé.
Não troco minha paz por outra paz.
Não deixo a minha santa religião por outra que garanta a salvação agora e já!
Respeito quem não crê como acredito, e peço que também os abençoes, meu Senhor.
Sou santo e pecador,
E minha Igreja também é.
Porém não troco a minha fé por outra fé!
Aceito questionar a minha fé aceito questionar a minha paz; e sei que a minha santa religião tem muito o que aprender e mais ainda que mudar. Mas fico onde estou, porque acredito e luto pra mudar a minha Igreja pra melhor.
Católico eu serei com muito orgulho e muito amor. Não vou deixar a minha Igreja, não senhor.
(Padre Zezinho)