domingo, 1 de novembro de 2009

Todos os santos e Finados

Apesar da Festa de Todos os Santos acontecer no dia 01/11, liturgicamente a sua comemoração é transferida para o domingo imediatamente posterior àquele dia, de modo que, a missa dominical seja o espaço comum de celebração de uma festa para qual todos nós somos convidados. Celebrar a Festa de Todos os Santos é celebrar a festa do céu, que pode ser refletida aqui na terra através desses exemplos de vida, que só nos trazem a certeza de que nós também podemos fazer de nossas vidas santas.

            O que leva alguém a ser santo?
Precisamos assumir o nosso ser cristão. E o que significa trazer no peito o nome de cristãos? Ser cristão não é somente um título bonito, ou uma foto no álbum, ou uma data a ser recordada, mas é algo que caracteriza o nosso modo de viver, de dialogar, de ser e agir na sociedade, na família, na comunidade.
Trata-se de um chamado divino: “Sede santos, porque o vosso Deus é santo”. Mas, em que consiste esse ser santo?
Para alguns significa algo ultrapassado que nem cabe refletir.
Para outros, talvez, seja algo tão distante que não é possível atingir e, por isso, desistem e continuam conformados com uma vida cristã mais acomodada, marcada pela rotina.
Outros acreditam que ser santo está intimamente ligado a um desenfreado esforço humano, caracterizado por jejuns exagerados, horas prolongadas de oração, e especialmente, por um afastamento quase total de tudo o que esteja ligado às “coisas do mundo”.

Ser santo não é nada extraordinário; é simplesmente viver profundamente o nosso ser batizado com suas implicações. Quais? Ser cristão é um dom e tarefa, por isso, ao mesmo tempo em que é uma graça recebida de Deus, este conta também a nossa colaboração: a nossa constante conversão e o nosso desejo renovado de responder ao projeto que Deus tem para nós e para nossos irmãos e irmãs.
 Ser santo é viver a liberdade dos filhos de Deus e, não como escravos/as de interesses mesquinhos, na luta pelo poder, na discriminação das outras pessoas, no individualismo, na falta de perdão, deixando - nos guiar pelas nossas paixões (rancor, ódio, egoísmo).
Antes, ser santo é entregar-se totalmente à vivência do amor mútuo, no total acolhimento do outro, na misericórdia, na solidariedade. Tais gestos e atitudes reproduzem em nós as atitudes de Deus, que é Amor, Justiça, Vida, Solidariedade. É exatamente nisso que consiste a santidade. Trata-se, pois, de algo possível. É um ideal que corresponde ao desejo mais profundo de todo ser humano, de refletir em sua vida a imagem do seu Criador e Senhor.

            Os santos foram pessoas como nós, com qualidades e defeitos também. Mas, com um grande desejo de perfeição que os impeliram a praticar virtudes heróicas e por isso foram canonizados, declarados santos pela Igreja. O amor que eles tinham por Deus fez com superassem seus defeitos.
            Muitos foram perseguidos e torturados. Muitos foram excluídos da sociedade. Muitos, martirizados. Todos, contudo, traziam em seu coração a certeza, a alegria e a paz só conhecidas por aqueles que amam a Deus.
            Ainda hoje encontramos santos no nosso meio. Santos que fazem parte de uma história recente quer já tenham nos deixado ou não. Podemos encontrar nessas pessoas o mesmo ardor que encontramos naqueles santos já reconhecidos. São santos de nossos dias...
           
A intercessão dos santos: "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, eles intercedem por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio".                                                                                                     

Como os Santos e Anjos ficam sabendo de nossos pedidos?
Eles não são oniscientes; somente Deus sabe tudo. A resposta é: através de Deus. Uma vez que eles estão em comunhão com Deus, participam de sua natureza divina, podem através de Deus conhecer nossos pedidos. Mal comparando é com se Deus funcionasse como uma fantástica “central de informações” a todos eles. Por causa dos méritos dos santos Deus ouve as suas preces em nosso favor. Os Santos, mesmo sem serem oniscientes, recebem, através de Deus os nossos pedidos, e nos atendem.
FINADOS
            _ A celebração de Finados é um convite a pensar sobre a vida e no ato de entrega da mesma, que iremos fazer um dia;
_ Recorda a fragilidade e ajuda-nos a trilhar os caminhos do essencial. Nada levamos, apenas fica o bem que fazemos.
            Conforme a promessa, na casa do Pai há muitas moradas, diz Jesus (Jo 14, 2-7).    
           
De volta a casa paterna
A morte coexiste com a vida e consiste num dos grandes mistérios que ao ser humano não é possível desvendar. O depois da morte não sabemos, porque nossos ancestrais, amigos e familiares nunca voltaram e nem deram sinais. Há um silêncio abissal, angustiante e a saudade se prolonga pelo tempo com a esperança do encontro. Então, o conceito de vida pós-morte, não seria apenas um subterfúgio, uma metáfora ou um eufemismo para nos livrar da dura realidade que é a morte? Não, conforme os ensinamentos da fé cristã! A verdade é que a nossa fé arremessa-nos para a crença na vida nova, de modo que a morte não passa a ser o abismo intransponível, mas o desvelamento de um novo ser humano habitante em Deus e que tem nele uma vida nova.
De fato, a morte faz-nos refletir sobre a vida, e quanto mais intensamente vivermos, mais teremos uma existência autêntica perante o mundo que habitamos. Do ponto de vista da fé cristã, viver autenticamente consiste em valorizar a vida como dádiva e vivê-la dignamente, bem como compartilhá-la com o próximo, na sua profunda totalidade. A existência inautêntica é a banalização da vida, desvalorizada, sem sentido, legada ao vazio existencial.
Se afirmamos crer na vida pós-morte e isso professamos, devemos perguntar-nos como estamos preparando-nos para a ressurreição. Caímos no risco de deixá-la para o amanhã e esquecermos das experiências de ressurreição em nosso cotidiano: o sol que a cada dia levanta no horizonte, o despertar de cada dia, a flor que desabrocha, a vida que nasce, o sorriso que se abre, a doença curada, a esperança de um dia melhor, a utopia do amor que dispensamos a quem amamos e perdoamos. Assim, a ressurreição acontece, em primeiro lugar, na simplicidade das pequenas coisas da vida (Fr. Rogério Gomes).

            Ler: Mt 25, 1-13.
            Resta-nos a espera e a prudência das virgens, pois quando o noivo chegar seremos chamados a ir com ele para caminhos desconhecidos, mas de coração tão alegre, porque vivemos tão intensamente a vida nesta terra que agora podemos entregá-la como um grande tesouro ao Criador, que nos criou e, por nos amar incomensuravelmente, nos quer novamente junto Dele.
           
            Por que foi escolhido o dia 02 de novembro?  
Parece que por causa da festa do dia primeiro. Tendo a Igreja celebrada a recordação de todos os que já estão no céu, Festa de Todos os Santos, era natural que logo no dia seguinte os cristãos se lembrassem dos irmãos que ainda se purificam no Purgatório.
           
            Em muitas paróquias continua um costume bastante antigo, de se consagrar cada segunda-feira à oração pelos mortos. Sabe por quê? É que antigamente havia a crença popular segundo a qual, no domingo, as almas do Purgatório não sofriam. Em honra da Ressurreição de Cristo, as pobres almas teriam esse dia de descanso. Mas, segunda-feira pensava o povo, recomeçavam a sofrer. Por isso os sufrágios especiais.
           
            No Dia de Finados os cemitérios cobrem-se de FLORES.
            As flores são um modo carinhoso de demonstrarmos a nossa saudade, o amor que ainda nos une àqueles que Deus já chamou a si.
            As flores, com sua beleza são também um símbolo da vida. Da vida eterna que todos esperamos. A flor nasce mesmo entre as pedras.
             A flor, sobre uma sepultura, é proclamação de fé: acreditamos, temos certeza que da morte iremos desabrochar também para uma vida nova. Como diz S. Paulo, nosso corpo é sepultado como semente confiada a terra.

            VELAS ao pé do Cruzeiro, velas junto aos túmulos. Por quê?
            _ A luz afasta as trevas, é sinal de vida, é sinal de verdade, é sinal de esperança.
            _ A vela é símbolo usado em nosso:
            Batismo: símbolo da fé para a qual renascemos;
            Na primeira comunhão: ela está presente na demonstração de crescimento da fé;
            No leito da agonia: antigamente, colocava-se uma vela na mão do agonizante, numa recomendação de que, com o corpo, entregasse também sua alma a Deus. Nos dias de hoje, elas permanecem, durante o velório, ao lado do morto.
_ No cemitério, a vela continua sendo um modo de mostrarmos nossa fé, nossa esperança.
           
ORAÇÕES: A Bíblia Sagrada nos orienta sobre a importância de rezarmos pelos que partiram, chamando esse procedimento de piedoso, belo e santo 2Mc 12.
Ú E nossa Igreja também orienta que o modo eficaz de rezar por eles é através da Santa Missa, orações, esmolas e outros atos religiosos.

ù A união entre os santos do céu, as almas do purgatório e os fiéis da terra e chamada “Comunhão dos Santos”.
            ù Lembremo-nos de que a Santa Igreja de Deus, considerada como um todo está composta de três segmentos:
ù A Igreja Militante (na Terra), a Igreja Triunfante (no Céu) e a Igreja Padecente (no Purgatório).
ù Essa tríplice Igreja constitui o Corpo Místico de Jesus Cristo, e as almas do Purgatório não são menos seus membros do que os fiéis na Terra e os eleitos no Céu.

            U O estado das almas do purgatório é de absoluta impotência.
            U A Igreja, querendo que não nos esqueçamos das almas, consagrou um dia inteiro todos os anos à oração pelos finados.
            U Determinou que em todas as missas houvesse uma recomendação e um momento especial pelos mortos.
            U Como são esquecidos os mortos! Nos funerais: lágrimas, soluços, flores. Depois, um túmulo e o esquecimento. Morreu... Acabou-se!
            U  Se cremos na vida eterna, cremos no purgatório. E se cremos no purgatório, oremos pelos mortos.
Somente Maria encontra-se com seu corpo ressuscitado no céu. Todos os outros corpos estão na terra esperando a ressurreição. Só a alma está no céu.
A Comunhão dos SantosIntercessão dos Santos: Tb 12,12; 2Mc 15,14; Ap 5,8; 8,4. Milagres operados por intermédio de relíquias: At 5,15; 19,11-12. Orar uns pelos outros: Jr 15,1; At 12,5; Rm 15,30; 2Cor 13,7; Ef 6,18; Cl 4,3; 1Ts 5,25; 2Ts 3,1; Hb 13,18; Tg 5,16. Os Santos estão nos céus: 1Ts 3,13; Hb 11,40; 12,23; 1Pd 3,19; Ap 6,9. Somos rodeados pelos Santos: Hb 12,1. Todos são chamados a serem santos: Ef 1,4-6.12.14. Unidade de todos os cristãos: Jo 15,5; Rm 12,4; 1Cor 6,12-20; 10,17; 12,4-27; Ef 2,19; 5,30; Cl 1,18.24; 2,19; 3,15.

A Alma e sua Imortalidade - A salvação: Tg 1,21; 5,20; 1Pd 1,9. A tentação durante a vida sujeita a alma: 1Pd 2,11; 2Pd 2,14. As almas dos justos herdam os céus: Sb 3,1; Ap 6,9; 8,3; 20,4. Confiada aos cuidados de Deus após a morte: Sl 31,5; At 7,59; 1Pd 4,19. É distinta do corpo material: Mt 10,28; At 2,27; 1Ts 5,23; Hb 4,12. Foi criada à imagem de Deus: Gn 1,26-27; 1Cor 11,7; Cl 3,10. Foi criada por Deus: Gn 2,7; Ecl 12,7; Is 57,16; Zc 12,1. Nada compensa a perda da alma: Mt 16,26; Mc 8,36. Se separa do corpo na hora da morte: Gn 35,18; Ecl 12,7; Lc 12,20. Sobrevive à morte do corpo: Gn 35,18; 1Sm 28,19; 1Rs 17,22; Mt 10,28; Lc 8,55.